Portas musicais

Andei pensando, baseado no perfil do Instagram que apresenta móveis que tem sons ao serem interagidos, em fazer um dispositivo que toque algum som acionado por um dínamo que converterá os movimentos em energia elétrica e alimentarão um circuito que tocará um som. Este circuito pode ter um microcontrolador para tocar um som mais complexo.

Uma porta ao abrir, por exemplo, pode acionar este dispositivo. Inclusive há portas que já fazem sons que lembram um trompete ou violino ao se movimentarem – tudo isto mecanicamente, apenas por causa da fricção dos metais das dobradiças.

O circuito tem que ter um limitador da tensão que vem do dínamo. Pode acionar um microcontrolador com uma musiquinha complexa. Seria legal um amplificador para um alto-falante de 0,5W. O peso pode ser revestido de borracha para não marcar a porta. Dá para adaptar este dispositivo para gavetas.

Artista da Economia

Cada vez mais me vejo como artista da economia. Este título vem após pensar no significado de ser artista da fome – aqueles artistas circenses que exibiam suas capacidades de ficar longos tempos sem se alimentar, também chamados de faquires.

Ser artista da economia é a realidade forçada da maioria dos artistas brasileiros que são obrigados a conciliar sua vida de artista com uma adversidade econômica. A criação artística costuma acontecer como expressão de resposta a um estímulo. Este estímulo pode ser a fome, a alegria, o medo. Se reconhecer como artista da economia, para mim, é importante porque a maneira como eu consigo o material para minha produção, os temas que abordo, as questões em que me apoio durante todo o período de criação são muito baseadas na economia. Um arranjo de tempo, um balanço de investimento monetário, um equilíbrio entre expressão animal e objetividade comunicativa que faz variar a estética entre o abstrato e o figurativo.

É bom ter reconhecido esta alcunha que me parece bem original e legítima para guiar minha vida nas artes. Traz um alívio poder me apoiar em um título assim.

Controlador de motor de passo sem Arduino

Como controlar um motor de passo sem Arduino

Esse texto tem muito a ver um outro estudo que fiz depois desenvolvendo uma placa para driver de motor de passo bifásico.

Quando desmontei meu ateliê antigo, que era compartilhado, os colegas artistas deixaram umas coisas para trás. Uma delas era uma lâmpada controlada pelo som, acho – fazia parte do acervo do Paulinho, do grupo Fluxus. Por algum tempo este rapaz fez a iluminação de várias festas e casas noturnas. Acontece que esta lâmpada estava com o corpo quebrado e dentro dela tinha alguns componentes que me interessaram. Os LEDs e o motor de passo, principalmente. Catei o motor de passo. Era um BYJ48 de 12V.

Não sabia se o motor que peguei estava funcionando. Diferente dos motores elétricos convencionais, um motor de passo precisa que determinada tensão seja ligada e desligada sequencialmente em suas bobinas para que ele se movimente. Ele faz uma pequena fração de rotação por vez. Este motor tem cinco terminais: um para tensão de alimentação e mais quatro que precisam ser sequencialmente ligados com o terra para que a corrente circule pelas bobinas. Vi no data sheet do motor a sequência que precisa ser aplicada.

Sequência que precisa ser seguida para movimentar o motor de passo BYJ48 de 12V em sentido horário.

Então, liguei uma fonte de 12V no terminal vermelho e quatro botões de contato, um para cada terminal, que ligavam o terra a eles.

Após este teste, verifiquei que o motor estava funcionando: ligar o terra (0V) nos terminais do motor na sequência correta fez com que ele movesse seu eixo. Então, agora, precisaria gerar aquela sequência automaticamente. Para isso usaria um conjunto de circuitos integrados operando em 5V e usaria os transistores como chaves para fazer passar os 12V que o motor usa. Não é indicado usar diretamente o circuito integrado para permitir o fluxo de corrente elétrica de um motor porque esta corrente pode queimar o circuito, que opera com correntes muito baixas. Também por isso usei os transistores como chaves.

Para testar se o uso dos transistores como chaves daria certo, acionaria com os botões de contato, 5V na base de quatro transistores BC548, com as correntes devidamente limitadas por resistores. Para obter os 5V usei um LM7805 com os 12V ligados em sua entrada.

O coletor de cada transistor estava ligado ao terminal do motor, e o emissor estava ligado ao terra.

Após verificar que deu certo o acionamento usando transistores como chave, fiz a sequência de acionamentos acontecer automaticamente. Para fazer isso, usei um circuito integrado 555 para criar um clock temporizador. Este clock tem um de seus resistores de configuração sendo um potenciômetro, para que a frequência do clock possa ser alterada. Liguei este clock a um contador decimal 4017. Este contador estava configurado para contar até 4 pulsos (o quinto pulso estaria ligado ao reset do contador). E cada pino estaria ligado para entregar 5V a base de um transistor BC548 com corrente devidamente limitada por resistor de 1,5kΩ.

Após o sucesso do circuito acionador do motor de passo, consegui incrementá-lo para acionar o motor no sentido inverso de acordo com a seleção feita por uma chave de contato com trava. Esta chave conectava o terra de um conjunto ou outro de transistores. De acordo com o circuito que estivesse ligado, a sequência de acionamentos dos terminais do motor seria uma: assim o motor pode rodar no sentido horário ou anti-horário.

O diagrama do que foi ligado pode ser visto abaixo.

Diagrama de ligação do circuito controlador de motor de passo. Deu certo!

Usei, para fazer o gerador de pulsos, o site da Lei de Ohm e, para ver o funcionamento de cada componente, o All Datasheet. Para fazer as ilustrações, usei Inkscape.

Agora também no MixCloud

É o décimo programa de domingo do XTO e a partir de agora ele pode ser ouvido no MixCloud.

Desde que começou a quarentena por causa da COVID-19… ã… na verdade desde o dia das mães de 2020 tenho feito apresentações ao vivo no FaceBook aos domingos. Na verdade estou procurando um lugar melhor para fazer isso porque as apresentações ao vivo lá são verificadas para não terem músicas com direitos autorais requisitados. Quando o FaceBook detecta isso ele derruba a live e silencia o vídeo que grava… A parte de deixar a gravação intacta estou resolvendo gravando também em casa com meu velho gravadorzinho Sony e publicando no MixCloud. A parte de fazer uma live sem o crivo do FaceBook é mais difícil de resolver. Também porque o público que já se acostumou a acompanhar estas lives está todo lá. São os tios e tias da Patty do interior, minha família, os amigos. Tem gente de outras partes do mundo assistindo!

Na verdade este deve ser já o 10º programa dominical! O programa X!

XTO

Se fosse apenas pelo som eu poderia tentar colocar em outro lugar. Mas tem a imagem e o público. Então, provavelmente vou seguir pelo FaceBook por um bom tempo. Apesar de que já estou maquinando aqui na minha mente um mecanismo de publicação de live que dispara fotos a cada x segundos. O meu maior problema no momento é saber como funciona a consulta e download dos arquivos que ainda estão sendo montados. Esse é o segredo do live streaming.

Outro blog

Essa é a carinha do Leão das Galáxias criada pelo Rukin

Eu, o Kreps e o Rukin começamos um blog coletivo para colocar nossas pesquisas conjuntas. Se chama Leão das Galáxias e é um blog gratuito hospedado pelo WordPress.

Lá eu coloquei o desfecho do caso das Figurinhas Abstratas. No final das contas o Rukin acabou colaborando com uma grana, paguei a licença de produção para Android e colocamos na lojinha Play Store. O processo lá tem bastante burocracia, mas depois que entendi como funciona, parece um pouco a publicação de um blog.

Figurinhas abstratas

Esta aventura começou quando, durante o período de quarentena, entrei em um grupo de WhatsApp com pessoas cheias de vontade de interagir mas sem assunto específico. Típico de amigos saudosos que se encontrariam num bar e tomariam uma cerveja enquanto passam um tempinho sendo amigos. É legal. Para quando não se tem muito assunto ou resposta, lança-se um sticker. Essas figurinhas de WhatsApp são evolução dos emojis que são evolução dos emoticons. 🙂 Ufa. Mas agora elas trazem mensagens e memes, expressam sentimentos efusivos ou só lançam frases bestas. A certa altura da ‘conversa’ apenas estas figurinhas apareciam na tela. A comunicação no whatsapp possibilita o uso de texto, som e imagem. Mas as figurinhas são uma categoria a parte. Elas não necessariamente querem comunicar algo. Por vezes, apenas desejam evocar alguma sensação ou reação (no caso das figurinhas, costumam provocar o riso). Este tipo de comportamento é comum à arte. E assim tive a ideia de usar o ambiente do WhatsApp como meio para expor arte usando as figurinhas como suporte.

A arte contemporânea permite que a produção aconteça não apenas fixada aos meios, mas também sendo simples subversão e estranhamento dos meios. Assim dá certo existir rádio-arte, por exemplo. E assim a auto-referência pode existir como arte e também se justifica a tomada de um meio como arte. E a tomada do WhatsApp como meio de circulação artística, por si, já seria uma obra contemporânea interessante. Mas no caso do que fiz juntei a isso a qualidade estética das imagens que estão sendo colocadas em circulação.

A originalidade sempre foi uma qualidade apreciada na arte. No livro ‘ A grande feira: uma reação ao vale-tudo na arte contemporânea ‘ (Civilização Brasileira – 2009) Luciano Trigo olha para esta qualidade colocando que muitas obras contemporâneas são apenas boas ideias, apenas piadinhas, boas sacadas, objetos com grande carga de originalidade – mas não grandes obras de arte. Não que eu considere de grande importância levar em consideração a opinião deste crítico para pautar minha produção, mas a essa colocação poderia responder, no caso de ser feita para a minha obra, que também foram exploradas as qualidades técnicas e teóricas solicitadas para conseguir um resultado estético relevante.

As técnicas exploradas, neste caso, passam pelo uso de softwares gráficos e da programação. Mas esta subversão do meio – no caso, o aplicativo de comunicação WhatsApp – tem um impacto maior na produção contemporânea do que a qualidade gráfica em si. O WhatsApp há muito tempo é usado como veículo de circulação dos convites para os locais de fruição das obras, não como o próprio meio de fruição das obras.

Como foi feito

Então pensei em fazer uma coleção de figurinhas abstratas, desarticuladas da função de comunicação que o meio solicitava e, assim como toda imagem abstrata, sem a carga da representatividade. Como demoraria um tanto para produzir isso, solicitei a meu amigo Rukin, grande parceiro de produção, que fizesse parte da coleção – o que ele fez com grande qualidade.

O WhatsApp gosta que se produzam figurinhas para ele. Por isso disponibilizou um kit quase pronto em que se seguem as instruções (muito bem detalhadas) e já tá lá o pacote. A parte mais complicada é baixar e usar o Android Studio, que requer uma máquina com bastante memória.

A intenção inicial era ter disponível na loja do Android o pacote de figurinhas agrupadas para que elas circulassem o máximo possível. Mas nesta etapa do trabalho vi que precisaria pagar uma taxa de US$25 para ter direito a publicar lá. O dólar está muito alto, então resolvi disponibilizar o arquivo .apk aqui mesmo e quem quiser baixa e instala no celular. Esta solução não é a melhor para a divulgação e circulação, mas a realidade do artista brasileiro não é muito cheia de dólares então é isso que teremos no momento.

TecnoPapo II

Entrevistas realizadas no SESC Guarulhos sobre Tecnologias e Artes

Aconteceu no dia 28 de Fevereiro de 2020 no Estúdio 13 do SESC Guarulhos a entrevista que gostaria de falar sobre as tecnologias usadas em 2 formas de agrupamento carnavalesco: um bloco e uma escola de samba. Veio Eric Esteves, do bloco Jacaré de Tetas. E era para vir também o Magoo, carnavalesco da X9 Paulistana. Mas ele se embananou no horário e não compareceu…

TecnoPapo I

Depois do Bate-Papo Técnico que gravei no ano passado ficamos no SESC Guarulhos ajustando formatos e nomes e eis que temos nossa segunda gravação. Agora a atividade tem um novo nome: se chama TecnoPapo e promete ser mensal. Nesta edição que ora publico tivemos a presença de dois grandes artistas da música de Guarulhos. O DJ Brown Breaks, competente e experiente tocador de várias festas e eventos de peso como o Mastercrews; e BB Jupiteriano, tocador que inventa suas próprias ferramentas de som e produtor que já colocou as mãos em produções de gente como nosso querido e celebrado Edgar. Os dois falaram de suas experiências, equipamentos que usam e bagagens musicais. Ouça!

Gravado dia 17 de janeiro de 2020 no SESC Guarulhos.