Comprei o mais caro

Garrafa 100% reciclada? É esse mesmo!

Hoje comprei um produto mais caro porque o rótulo informava que a garrafa dele era totalmente feita de material reciclado. E a garrafa não me pareceu nada pior do que a dos outros produtos similares.

Comparado com outros desinfetantes, o preço deste é bem mais caro. Me senti pagando pela reciclagem – e é mais um menos isso. Para quem tem dinheiro, dá pra fazer isso. Mas o problema de não reciclar é bem caro. Caro quanto? Se pudéssemos saber em dinheiro quanto custa colocar mais uma garrafa plástica no mundo, talvez essa escolha fosse feita por mais gente e com mais critério.

O valor deve ser uma conta que considere a quantidade de dinheiro empregado para consertar a saúde depois de submetê-la a poluição. Para conversar num mundo capitalista, só falando por números.

Quero deixar de usar as redes sociais

Seria muito bom deixar de publicar conteúdo de valor nas redes sociais.

Cada publicação que se faz em uma rede social, um conteúdo de certo valor vai para a plataforma que a abriga. Existem conteúdos de muito valor em redes que trabalham para fins muito ruins, como o Facebook. Por exemplo, o Renato Janine Ribeiro, ex ministro da educação, publica diariamente informações muito boas naquela rede. Mas com isso ajuda a aumentar o valor monetário de uma plataforma sem escrúpulos que colabora com desinformação e manipula a circulação de informações. Apesar de ampliar o alcance, cada escritor coloca sua expressão na mesma plataforma em que nazistas e negacionistas se encontram. Vou tentar deslocar minhas expressões cada vez mais para longe das plataformas com o custo de perder a circulação de minhas ideias, mas deixando de corroborar com empresas sem escrúpulos.

Minha memória, esta parte

Resumo de como o pensamento bolsonorista foi moldado e como combatê-lo.

Sinto que minha memória está cada vez mais sendo organizada e substituída por seu correspondente digital. E também é assim escrevendo que eu passo a limpo o que penso. Então:

Esta semana assisti a um vídeo fundamental para minha sanidade mental. Ele encontra o link perdido entre a razão comum e a fundação da ideia do bolsonarismo. Assunto que estava na lista dos grandes mistérios que me desassossegavam, este foi desenlaçado brilhantemente pelo pesquisador Castro Rocha – que eu só consegui lembrar do nome por causa de um trecho do próprio vídeo que trata sobre a ação comum do pensamento bolsonarista de desconsiderar a opinião de quem lhes é contrário ridicularizando-o, e o apelidaram de ‘castrado brocha’ construindo, assim, um belíssimo meme. Eis o link para este vídeo, mas que eu aqui quero colocar as lembranças mais frementes que eu aproveitei.

Primeiro que o pensamento bolsonarista se vale de uma publicação militar chamada ‘Orvil’ (livro, ao contrário) que defende que o brasil está dominado por um pensamento comunista e que isso é ruim para o país. Que em determinada altura os terríveis comunistas pensaram que uma guerra física não seria boa para ninguém e decidiram implementar uma dominação cultural que acabara sendo bem sucedida. E é por isso que eles desejam estragar a cultura como ela está formada. Na cabeça deles o comunismo já está implementado e precisa ser eliminado e visto como um regime ruim.

Nesta publicação, Orvil, defendem que não há porque reconhecer um inimigo se não houver um imediato esforço para eliminá-lo completamente. Assim fica mais fácil entender as ações nas redes sociais de desmerecer completamente a opinião de quem é contrário à ideologia bolsonarista – a chamada cultura de cancelamento. Isso Schopenhauer já aponta como uma maneira de ‘vencer uma discussão’ em seu livro que fora aproveitado maravilhosamente por Olavo de Carvalho para promover a forma de implantação e manifestação do bolsonarismo. Aliás, Olavo de Carvalho é apontado por João Cezar de Castro Rocha no vídeo citado como uma pessoa inteligente, eloquente e perspicaz influenciador.

Defendem também que contra um esquerdista não há diálogo: ele precisa ser calado e eliminado. E assim ensejam fazer o que mais é temido por mim, esquerdista frágil e desamparado neste mar de ódio. Não sei o que considero maior violência: a interrupção abrupta do diálogo ou a violência física. E esta é a prática defendida por ‘eles’. ‘Eles, os temíveis bolsonaristas’.

No final do vídeo João Cezar aponta um caminho poderoso: forçar o diálogo. E eu vi isso com uma esperança imensa. Porque considero que para fazer isso é preciso ter uma característica de que me orgulho que é a paciência. É preciso coragem para encarar e forçar o diálogo, mas se tomarmos a regra do jogo do oponente de que abandonar uma luta é covardia e isso é desmerecido, considera-se o abandono do diálogo como uma luta ganha! Na verdade isso é uma forçada na tentativa de ver uma vantagem em um projeto de metodologia de abordagem. Pois se considerarmos o pensamento de Olavo de Carvalho, abandonar um diálogo com um ‘esquerdista’ é preciso. Assim como sufocar este ‘oponente’. E agora?