Resumo de como o pensamento bolsonorista foi moldado e como combatê-lo.
Sinto que minha memória está cada vez mais sendo organizada e substituída por seu correspondente digital. E também é assim escrevendo que eu passo a limpo o que penso. Então:
Esta semana assisti a um vídeo fundamental para minha sanidade mental. Ele encontra o link perdido entre a razão comum e a fundação da ideia do bolsonarismo. Assunto que estava na lista dos grandes mistérios que me desassossegavam, este foi desenlaçado brilhantemente pelo pesquisador Castro Rocha – que eu só consegui lembrar do nome por causa de um trecho do próprio vídeo que trata sobre a ação comum do pensamento bolsonarista de desconsiderar a opinião de quem lhes é contrário ridicularizando-o, e o apelidaram de ‘castrado brocha’ construindo, assim, um belíssimo meme. Eis o link para este vídeo, mas que eu aqui quero colocar as lembranças mais frementes que eu aproveitei.
Primeiro que o pensamento bolsonarista se vale de uma publicação militar chamada ‘Orvil’ (livro, ao contrário) que defende que o brasil está dominado por um pensamento comunista e que isso é ruim para o país. Que em determinada altura os terríveis comunistas pensaram que uma guerra física não seria boa para ninguém e decidiram implementar uma dominação cultural que acabara sendo bem sucedida. E é por isso que eles desejam estragar a cultura como ela está formada. Na cabeça deles o comunismo já está implementado e precisa ser eliminado e visto como um regime ruim.
Nesta publicação, Orvil, defendem que não há porque reconhecer um inimigo se não houver um imediato esforço para eliminá-lo completamente. Assim fica mais fácil entender as ações nas redes sociais de desmerecer completamente a opinião de quem é contrário à ideologia bolsonarista – a chamada cultura de cancelamento. Isso Schopenhauer já aponta como uma maneira de ‘vencer uma discussão’ em seu livro que fora aproveitado maravilhosamente por Olavo de Carvalho para promover a forma de implantação e manifestação do bolsonarismo. Aliás, Olavo de Carvalho é apontado por João Cezar de Castro Rocha no vídeo citado como uma pessoa inteligente, eloquente e perspicaz influenciador.
Defendem também que contra um esquerdista não há diálogo: ele precisa ser calado e eliminado. E assim ensejam fazer o que mais é temido por mim, esquerdista frágil e desamparado neste mar de ódio. Não sei o que considero maior violência: a interrupção abrupta do diálogo ou a violência física. E esta é a prática defendida por ‘eles’. ‘Eles, os temíveis bolsonaristas’.
No final do vídeo João Cezar aponta um caminho poderoso: forçar o diálogo. E eu vi isso com uma esperança imensa. Porque considero que para fazer isso é preciso ter uma característica de que me orgulho que é a paciência. É preciso coragem para encarar e forçar o diálogo, mas se tomarmos a regra do jogo do oponente de que abandonar uma luta é covardia e isso é desmerecido, considera-se o abandono do diálogo como uma luta ganha! Na verdade isso é uma forçada na tentativa de ver uma vantagem em um projeto de metodologia de abordagem. Pois se considerarmos o pensamento de Olavo de Carvalho, abandonar um diálogo com um ‘esquerdista’ é preciso. Assim como sufocar este ‘oponente’. E agora?